Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A vida precisa de tempero, e de cor!
Tirei uma semana de férias para destralhar a casa. Sou doente, eu sei. Mas não consigo viver bem no meio da confusão. E há muita coisa desarrumada/desorganizada que já ando a ignorar há muito tempo. Está a tornar-se uma questão de "pele". Cada vez que entro na dispensa ou quando preciso de guardar alguma coisa na arrecadação da garagem tenho um ataque de nervos.
Depois é juntar uma criança, montes de brinquedos e roupa que deixa de servir em menos de nada...
Já sou adepta do "destralhar", mas descobri há pouco tempo um método de organização que se chama Konmari (tem origem na autora Marie Kondo) encontrei um livro dela em pdf e li-o num instantinho, chama-se "A mágica da arrumação" e traz uma abordagem diferente do destralhe típico.
Para ser eficaz, o destralhe tem de ser rápido e em vez de escolhermos fazer uma gaveta de cada vez, um quarto de cada vez, devemos fazer por categorias já que, de acordo com a autora tendemos a guardar itens da mesma categoria em vários sítios diferentes da casa (muitas vezes de acordo com a frequência com que os utilizamos).
A ordem pela qual se destralha também está definida para que, no fim estejam os itens mais difíceis de nos desapegar...fotos e outros objetos de valor sentimental. Assim, depois de ter feito o processo em outras coisas já estaremos mais treinados para nos desapegar daquelas coisas também.
O critério para a escolha dos objetos a manter deverá fazer-se com base na questão: "Isto faz-me feliz?"; se sim, guardamos, se não descartamos.
Não tenho propriamente dificuldade em destralhar ou descartar coisas e venho afinando esta "arte" com o passar dos anos. Mas a verdade é que sempre que destralo, deparo-me daí a uma temporada com um monte de coisas para descartar outra vez. E é precisamente isto que pretendo evitar.
Quero viver numa casa simples, embora com as coisas que gosto. E de preferência com superfícies desocupadas de tralha todos os dias. Tenho chegado à conclusão que tenho demasiadas coisas. Chávenas, pratos, talheres, taças, roupa de cama e de casa...e não preciso disso tudo para viver bem. pelo contrário. Para mim é felicidade chegar e ter tudo arrumado nos seus lugares e perceber que tenho exatamente o que preciso. Nada mais.
Para testar, arrumei a primeira categoria sugerida pelo método Konmari - O vestuário. Isto implica retirar toda a roupa - toda mesmo - para nos dar a real noção de quantas peças temos. Depois (também numa ordem específica) escolhem-se os itens que vão sair. Depois é arrumar o que ficou. Algumas das dicas passam por dobrar as peças e não pendurá-las para poupar espaço. Apliquei este método para algumas peças e de facto arruma melhor.
O resultado, de verdade? Ainda há bocado olhei para a gaveta da roupa interior e, desde que a arrumei "à la Marie Kondo", as coisas ficaram exatamente como estavam, mantiveram-se arrumadas. O mesmo em relação ao roupeiro e aos sapatos. Portanto, vou fazer o mesmo processo em todas as categorias que precisam de destralhe e veremos...
Podem ler sobre o método Aqui.
E por aí, há maníacos da arrumação/organização?
Para hohe destaco o blog A Marquesa de Marvila. Conheci-o há pouco tempo através de uma follow friday e é um dos blogs que leio sempre. Sempre que lá vou enconto alguma coisa que gosto. A Marquesa é positiva, vibrante e ao mesmo tempo sincera e dona de um excelente sentido de humor, uma mulher inteligente. Se não conhecem, vão conhecer. Já!
*De uma qualquer legalenga que guardo na memória dos tempos da praxe de coimbra
Quando, em 2012, uma amiga minha insistiu comigo que devia ir com ela experimentar uma aula de yoga, torci o nariz. Respondi-lhe: "Isso não é para mim", " Gosto de atividades mais mexidas, mais dinâmicas" "mas isso é estar parado, e eu detesto estar parada", e por aí em diante...
Ela insistia sempre, dizia-me que devia experientar, ia gostar. Eu fui sempre adiando...Na altura frequentava o ginásio e gostava imenso daquilo, portanto não andava à procura de nada. Ao mesmo tempo, nesse ano a minha vida andava virada do avesso. No trabalho as coisas corriam mal, o meu relacionamento esteve por um fio, o meu pai estava doente e a piorar de dia para dia, senti que o meu mundo estava a tremer e que só podia contar comigo. Tive uma recaída da minha "antiga" depressão e tive de fazer medicação.
Em dezembro, já depois da morte do meu pai, conheci a professora de yoga que dava aulas à minha amiga. Fiquei na mesma mesa que ela num evento. Conversei imenso com ela e foi ela que me "convenceu" a finalmente ir experimentar uma aula.
Nessa primeira aula tive imensa dificuldade em concentrar-me e apeteceu-me rir logo no início (quando se faz ohmmm)...Mas decidi que tinha de estar de mente aberta se queria mesmo perceber o que era uma aula de yoga.
No fim, gostei imenso do efeito no corpo, percebi que era muito mais puxado do que eu imaginava e, sobretudo percebi que tinha de parar. Afinal aquilo era para mim, era mesmo perfeito para mim.
Pratico então desde 2013 e o yoga tem-me ajudado numa viagem complicada, a viagem ao meu interior, ao auto-conhecimento. Nem sempre gosto do que encontro, mas depois procuro reconhecer padrões de comportanmento e trabalho em mudá-los, dia-a-dia, para tentar ser a cada dia uma versão melhor de mim.
Esta viagem afastou-me de umas pessoas, aproximou-me de outras e tem-me feito perceber o que de facto (me) importa. SER e não TER. Foi aqui também que descobri o minimalismo e a minha necessidade de me livrar de tralha física e emocional. E está a ser uma longa viagem...
Quantas vezes nos deparamos com decisões difíceis? Quantas vezes andamos a moer dias e dias até termos uma resposta? Quantas vezes ficamos a moer outros tantos dias depois de tomarmos a decisão? Será que foi a certa? Ou a errada?
Falo por mim, sou indecisa. Ou melhor, tenho a mania de querer saber as opiniões dos outros acerca das decisões que devem ser só minhas. Mania antiga de procurar aprovação para tudo o que faço...
Portanto sou licenciada e exeço a minha profissão sem estar inscrita numa ordem profissional. Só que apenas a inscrição e estágio nessa ordem me permitiriam fazer outro tipo de trabalhos, mais ou menos remunerados consoante a sua complexidade.
Acontece que quando acabei o curso não fiz o dito estágio, comecei logo a trabalhar. Depois fiquei desempregada, depois empregada de novo e não o fiz. Sempre achei que não o queria fazer. Custa algum dinheiro ainda. Este ano, com a oportunidade de me oferecerem a inscrição, e porque ainda estava no prazo ponderei, será que devo fazer?
Passei o fim de semana inteiro indisposta, com dores de cabeça e a pensar, pensar, pensar. Mentalizei a pergunta e meditei à espera da resposta. Não conseguia concluir se sim ou não. Toda a gente à minha volta disse "Ah, se fosse eu fazia", "eu aproveitava", "gostava muito que fizesses", bla, bla, bla, como se a questão fosse exclusivamente monetária. Só que não é. É mais do que isso. Precisava saber se queria mesmo ou não.
Na segunda feira, e ainda na dúvida, decido contactar uma conhecida para ver se me aceitaria como sua estagiária. Respondeu logo que não. Não tinha plano B. Tinha de fazer pedidos e mais pedidos para encontrar um lugar.
Ainda com dores de cabeça, fui ver mais uma vez a quantidade de coisas que eram necessárias para a inscrição. Vi logo uma incompatibilidade que me impediria de exercer livremente depois. Naquele momento e perante esse impedimento senti um alívio enorme, como se um peso me saísse de cima dos ombros. A dor de cabeça foi passando e fui-me sentindo muito melhor.
Se calhar eu sempre soube a resposta e só estava à procura de uma justificação para que os outros compreendessem a minha escolha, ou algo que a tornasse mais aceitável aos olhos dos outros. Sempre os outros.
Parei paa pensar um bocado. Afinal quem é que tem de escolher? Eu. Quem é que tem de saber o que quer fazer? Eu. Então porque é que não ouvi logo os sinais que o meu corpo me deu ao longo de todos os dias em que me predispus a decidir diferentemente daquilo que era a minha convição? A verdade é que nunca quis fazer aquilo. E continuo a não querer. Não sei qual é exatamente o meu caminho mas sei que não é por ali. Por agora. Portanto numa próxima espero não me esquecer de que a resposta está sempre lá, quanto mais não seja em pequenos avisos subtis que o nosso corpo nos vai dando.
Escutem-no, que ele sabe.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.