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A vida precisa de tempero, e de cor!
Hoje tenho dores de cabeça. Tenho de ir à Farmácia comprar comprimidos. Uma caixa deles, mesmo que agora só precise de um. Nem sempre precisei de ir à farmácia. Era só preciso ir à venda dos meus avós.
Na venda (Tradução para mercearia em "madeirense") do meu avô vendia-se um bocadinho de tudo. Até medicamentos. Sim, que sou dotempo em que as farmácias não estavam assim à mão de semear e as pessoas não compravam caixas de ben-u-ron para ter em casa , just in case. Nada disso. Aviava-se uma receita quando se ia ao "doutor". Em caso de dores súbitas, havia a venda.
Dentro de uma das vitrines havia uma lata retangular com tampa (tipo caixa de biscoitos de manteiga) com umas flores da parte de fora, já meia ferrugenta de antiga que era. Quando se abria, encontrava-se meia dúzia de caixas de pastilhas (não comprimidos!) para as maleitas mais comuns:
Pastilhas cor de rosa - Para as dores de cabeça (eram Melhoral, acho eu, ou dolviran...sei que eram cor-se rosa)
Melhoral infantil - para estados gripais e dores da criançada
Pastilhas da barrga - Eram acastanhadas e serviam para parar diarreias...
Junto com as caixas havia uma tesoura, imaculada, que só era usada para aquele fim: cortar a quantidade de comprimidos exata que o freguês precisava, que depois eram embrulhado num bocadinho de papel para não se perder...Não me lembro do preço, mas sei que não se desperdiçavam. Comprava-se apenas a quantidade que se precisava. Gostava quando o meu avô ou a minha avó me deixavam assumir aquela tarefa tão importante de vender as pastilhas. Que raramente se pagavam na hora. Escrevia-se no rol do freguês, para pagar no fim do mês.
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