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A vida precisa de tempero, e de cor!
Cantar em altos berros uma música da qual se sabe a letra enquanto se faz o trajeto para o trabalho. Ah, que ninguém imagina como isto me acalmou. (birras matinais...what else?)
Três anos.
Já se passaram 3 anos desde que nasceu o meu pequeno. Por um lado parece que foi há uma eternidade, por outro não consigo entender como é que o tempo corre tanto...
Nos dias que antecedem a data do aniversário (15/09) não consigo deixar de me lembrar com algum detalhe dos momentos e das horas em que as coisas aconteceram. Muitas coisas apaguei, mas há ali muito que ficará para sempre gravado na minha memória. E é estranho, é quase como se me sentisse mais vulnerável...o ano passado fiquei doente. E este ano outra vez....estranho. Parece que o meu corpo também guardou as memórias.
Nem tudo foi fácil. Quase nada foi, na verdade. O primeiro mês é para esquecer. A sério. O primeiro ano é sem dúvida o mais difícil. Nascem os pequenos e nascem também as mães. E saber quem somos depois deles também é uma série de descobertas...
Aprendi sobretudo a amar incondicionalmente aquele ser, mesmo quando me faz perder a paciência. Mas aprendi a não me esquecer de mim, que o meu tempo a "sós" é determinante para que eu seja uma melhor mãe.
Contra tudo o que imaginei, e vendo a "big picture", é bom ser mãe. Não há nada que se compare a este amor. E foi olhando para as coisas boas da maternidade que tenho conseguido dar a volta às outras, menos boas.
Não há nada tão doce como aquele abraço de braços pequeninos acompanhado de "Tinha muitas saudades de ti"...Parabéns meu pequeno.
Com uma criança pequena nada é um dado adquirido. Aquilo que eles são quando têm 1 ano, é diferente quando têm 2 ou 3. Vão evoluindo, aprendendo, ganhando medos. A idade em que está o meu pequeno ( a um mês de completar 3 anos) tem sido um desafio constante. À minha paciência. Às vezes acho que não vou dar conta.
Utiliza-se a expressão "terrible two" para descrever a fase entre os 18 meses e os 3 anos de idade. É a adolescência dos bebés, a transição de bebé para criança.
Estas férias foram uma experiência dolorosa a este respeito. Foram birras sem fim, não querer comer, ter medo de água, não querer lavar o cabelo, brincar sozinho, atirar coisas para o chão quando frustrado e correr, correr, correr...joelhos esfolados, boca a sangrar umas vezes, nódoas negras e arranhões. Socorro! A certa altura fiquei mesmo sem saber o que fazer. Preciso de ler um ou dois manuais de educação, alguém me aconselha algum?
A parte engraçada é que se nota também uma evolução grande a nível de autonomia...e comparando com o ano passado são estas as grandes diferenças nele:
Antes (aos quase 2 anos):
- Adorava a praia, a água do mar e corria para as ondas;
- Não ficava tempo nenhum na toalha ou a brincar na areia. Andava e corria imenso, era preciso estar um adulto sempre por perto;
- Dormia sempre a sua sesta...o que fazia com que ficasse mais bem disposto o resto do dia;
- Não sossegava numa brincadeira por mais de 5 minutos;
- Comia a sopa, 2.º prato e fruta bem;
Agora (aos quase 3 anos):
- Tem medo do mar e grita se o tentamos levar para lá. Tolera apenas a piscina, de preferência pequenina, onde não corre o risco de levar com água na cara.
- Fica o tempo todo a brincar na areia (ou na piscina pequena se existir), atira areia para todo o lado e não quer que lhe levem para perto da água. "Tenho medo do mar" diz ele.
- Dormiu poucas vezes a sesta, como deixou a chucha há pouco tempo, foi mesmo mais difícil pô-lo a dormir. Adormecia eu e ele continuava acordado. Ao fim do dia ficava insuportável...Ainda ontem fez uma birra monumental!!
- Não é raro encontrá-lo a brincar sozinho durante bocados cada vez maiores, se for com as suas ferramentas, melhor ainda. Gosta de tudo o que seja de "arranjar", seja a máquina de lavar, secar, da loiça, ...tudo o que lhe aparente ter parafusos, botões, dobradiças.
-Há dias em que não consigo que coma uma colher de sopa na boca, parece que se aborreceu da fruta toda (dá meia dúzia de dentadas e deixa de lado). Como lhe deixamos comer gelados nas férias todos os dias nos pede um geladinho...(não damos como é óbvio). Aprendeu a comer bolachas de milho e fruta descascada na praia. Tem sempre fome lá...
Grávidas dessa blogosfera... não se sintam sós, incompreendidas...Recuperando, resumindo e compilando as coisas mais "giras" que ouvi durante a gravidez:
Enjoos:
"Então e estás a passar bem? enjoas?"
Respondo: sim, não tenho enjoos.
Respondem-me: "Ah não? Mas olha que ainda vais enjoar, vais ver."
Depois dos 4 meses, e porque continuei sem enjoos:
"Ah olha que ainda vais passar mal, muitas só ficam enjoadas depois dos 4 meses."
Sobre o sexo do bebé:
(Porque me apetecia comer laranjas)
"Se tens desejo de laranjas é porque vais ter uma menina. Quem come laranjas, é porque é menina!"
(por causa das borbulhas)
"Ah! essas borbulhas querem dizer que vem aí um rapaz. Os rapazes fazem isso!"
"Hummm...com a pele assim é porque vai ser menina, as meninas "sujam" a pele à mãe."
"Borbulhas?! Ah vai ser uma rapariga. Eu cá tive rapazes e a minha pele ficou impecável!"
(dores de costas)
"Se te doi as costas é porque é macho!"
"Então agora sim dou os parabéns. Muitos parabéns! Meninos é que é!!!!"
A Barriga:
(com 4 meses não se notava)
"Então mas ainda não se nota nada a barriga?! Isso nunca mais cresce. Mas olha tem cuidado para não engordares muito para não ficares redonda. "
A roupa:
"Ah não te importas de vestir preto?
Dizem que as grávidas não devem vestir roupa preta.Dizem que faz muita sombra ao bebé."
E no fim da gravidez:
"Está quase?"
"Já tens tudo pronto?"
"Agora é um instante!"
"Ah, agora a barriga está grande!"
"Estás a queimar os últimos cartuchos?!"
"Aproveita bem agora, que depois ficas barricada!"
Eu sei que ninguém me pediu opinião, nem conselhos, nem nada que se pareça. Não sou entendida nas questões da maternidade, mas posso dar a minha perspetiva sobre a coisa.
Aviso já que não sou daquelas mães cheias de mimimis e que acha a maternidade a melhor coisa do mundo, até pelo contrário mas guess what? é a minha forma de ver e sentir as coisas. Não a imponho a ninguém, mas também não admito que me venham impor as suas visões.
Assim esclarecidos e porque a nossa MJ está à espera de bebé, fez-me lembrar com os seus relatos algumas das coisas que passei e que transformam a gravidez num estado de (des)graça...
1- A descoberta - Apesar de ter sido uma gravidez planeada achei que não ia ser assim tão simples...Mas eis que fiquei doente e que tive de tomar antibióticos, e que mesmo com eles não fiquei melhor. Tive uma mega otite (coisa que nunca tinha tido na vida). Fiquei surda mesmo. Com o insucesso do antibiótico passei a um tratamento de choque: injecções. Como notei de imediato o atraso mas pensei que fosse da medicação, esperei pelo fim do tratamento para comprar o teste. Lembro-me de estarem 18 senhas na farmácia antes da minha. Comprei o teste, fui para cas ae fiz logo. Oito da noite. Positivo. OMG O que é que eu faço agora? Chorar, pois claro. Acho que era medo, queria, mas ao mesmo tempo já não queria. E agora? Vai ter de sair! O que é que eu faço agora?
2- A gravidez - O meu primeiro sintoma foi ficar com um fardo de perdigueiro. Tudo me cheirava muito...os bons e os maus cheiros. Fiquei com montes de borbulhas pequenas no decote (muitas mesmo) todas as que não tive na adolescência.
Fiquei com o cabelo maravilhoso, e as unhas. Tudo a crescer...bem demais, tanto que fiquei com uma espécie de penugem na cara (se crescesse mais pareceriam patilhas) e na barriga. Os pelos incomodavam-me tanto que depilava a barriga com cera...
A minha unha encravada piorou e andei a fazer tratamentos num podologista louco, que não adiantaram de nada, tive de operar deposi de o miúdo nascer...
Para contrabalançar não tive enjoos. Nenhum que fosse. Não fiquei inchada. So tinha barriga. Até me senti bonita.
Nunca ouvi tanta barbaridade junta como nesta altura. Sobre o sexo do bebé, sobre a azia, sobre o formato da barriga, sobre não usar roupa preta...enfim...a loucura.
To be continued...
Acordei estremunhada pelas 6 da manhã e olhei à minha volta: estava já numa enfermaria. Lembrava-me bem da viagem desde o recobro umas horas antes, quando reinava o silêncio.
Não havia barulho também na enfermaria. Mas não estava sozinha. À direita uma senhora, que chorava baixinho e à esquerda outra, mais conformada.
Não havia choro de bebés...Mas todas tinhamos acabado de os ter. Por isso foi estranho que não estivessem ali,ao nosso lado. Foram 9 meses à espera de o conhecer e depois vi-o por breves momentos...acho que naquele instante já nem me lembro da cara dele...
Percebemos também que todos estavam na mesma situação: internados na neonatologia. Uma, porque nascera prematura. Os outros dois porque nasceram com uma infeção e tiveram de fazer logo testes e antibióticos.Duas de nós a recuperar de umacesariana. A outra, parto normal.
Vi o meu filho praticamente 12 horas depois de ele nascer, ali estava ele numa incubadora aberta com uma chucha transparente com bolas azuis. Tinha uns olhinhos curiosos como se procurasse perceber onde é que estava. O ambiente era acolhedor e o silêncio era apenas interrompido pelos bips dos aparelhos. Peguei-lhe ao colo pela primeira vez. Era dia 15 de Setembro de 2015. Parabéns, filho. Hoje há bolo.
*quero bolo, mãe
...Mas há uns mais iguais que outros.
Já não sei onde ouvi esta frase e sempre lhe achei graça. Tem em si muito de verdade.
Fazendo um paralelismo com a suposta igualdade entre mulheres e homens, e em particular com a igualdade entre mim e o meu companheiro (que não é marido mas também já não consigo chamar de namorado) e de algumas das minhas amigas.
Antes de sermos pais sempre tivemos o hábito (que agora já não sei se era assim tão bom) de cada um ter os seus programas com os respetivos amigos/amigas e outros programas que fazíamos juntos (uns também com amigos comuns).
Acontece que, quer queiramos quer não, a disponibilidade que temos quando temos filhos é diferente da que tínhamos antes. E é óbvio que há fases em que conseguimos ir às coisas juntos e levar o miúdo, não temos de ficar fechados numa redoma de vidro.
Mas há outras fases em que não o conseguimos fazer e temos mesmo de ficar em casa (ora porque o miúdo está doente, ora porque o sítio para onde supostamente iríamos não é apropriado para ele, ou porque simplesmente em certas idades é mais fácil não os levarmos e ficamos melhor com eles em casa).
Não há mal nenhm em nenhuma das opções. Nem mal nenhum em que cada um dos pais possa, de qvez em quando sair com os seus amigos. Muito pelo contrário, acho que é importante e saudável continuar a a fazer isto.
O caso só se torna complicado quando um dos pais assume que tem de continuar a ter a vida que tinha antes de ter a criança, e que por isso não pode perder uma oportunidade e tem que fazer todos os programas que entender, enquanto o outro fica em casa essas vezes todas com o miúdo e não tem quase nenhuma oportunidade de poder também (porque precisa como o outro) sair e fazer qualquer coisa com os amigos (ou até sozinho).
Há ainda muita desigualdade nesta matéria. Alguns homens têm a ideia de que têm "mais direito" a ter tempo para si próprios do que as mulheres, é como se o normal fosse eles sairem sempre e elas ficarem com os filhos sempre. Sei que há muito disto por aí.
Mesmo que até possa ser um gajo que cuida dos filhos e faz de tudo em casa. Há um machismo dissimulado nestas atitudes que me consome e que vou guerreando sempre que me aparece.
É que nisto da parentalidade, para mim, o pai e a mãe são iguais em deveres e direitos. E têm de manter a sua individualidade além desse papel. Quando um acha que "merece" mais que o outro (o que faz ao ignorar as necessidades do outro a nem sequer olhar para elas) vai haver um desequilíbrio e mais peso para um dos lados. Isto também é, infelizmente, maternidade real.
Há pouco tempo perguntaram-me como era afinal essa "coisa" do amor de mãe, se era mesmo o melhor amor do mundo como toda a gente diz. E se era ssim uma coisa tão diferente de tudo o que eu já tinha sentido até hoje.
Não sei se será o mesmo para todas (é certo que não será) e só posso falar por mim. É diferente de tudo o que já senti. Foi estranho ao início e não foi amor à primeira vista. Mas depois foi crescendo de dia para dia, e quando pensava que já não podia ser maior, continu(a)ou sempre a crescer. Ao mesmo tempo, implica renunciar a tanto do que julguei como a minha identidade, o meu "eu" e isso (para mim) não tem sido fácil. É também ter medo de morrer, para não lhe faltar. É ter de parar para pensar no que é melhor para ele (sem nunca esquecer aquilo que quero para a minha vida). Resumindo: É o mais puro amor, mas é também (para mim) o que causa mais dor.
É dificil explicar isto de modo a fazer sentido, e principalmente de modo a não ser julgado, mas nem todas nascemos para ser mães de 2 ou 3 filhos, e algumas de nós acham que não têm jeitinho nenhum para serem sequer mães de 1 (eu).
Então é estranho estar com pessoas que te perguntam "É espetacular, não é?" à espera que isto seja uma pergunta retórica, e tu respondes , "mais ou menos", "não era bem isso que eu esperava", "não nasci para isto" (...) e de volta as pessoas devolvem-te um olhar de espanto-julgamento-perplexidade de quem quer dizer "mas-como-raio-podes-tu-afirmar-que-ser-mãe-não-é-o-melhor-do-mundo???"...
E, invariavelmente, sentes-te (mesmo que saibas que não deves) julgada e inferior às outras só porque sentes diferente. Porque sabes que ser mãe é parte do que te vai levar a evoluir, a crescer. E que crescer na maior parte das vezes dói. Ningém disse que isso ia ser fácil, pois não?
Na cozinha...
Quando encontras as panelas no chão e os talheres por lá espalhados;
Quando vais para ligar o forno e o botão (que roda e desencaixa facilmente) não está lá;
Quando tens de fazer truques à ninja para (ao mesmo tempo) impedir que a criatura abra dois ármários, e travas um com um pé e outro com uma mão;
Quando ouves um "crashhh" e vês um monte de cacos de vidro espalhados no chão e só tens tempo de levantar o miúdo do chão e levá-lo para um sitio sem cacos, para depois limpar o estrago (sugestão: se estiverem sozinhos em casa usem a cadeira da papa como sítio seguro);
Quando 2 segundos depois de virares as costas dás com o miúdo a desembrulhar o papel de alumínio pela gaveta abaixo (a partir da 1ª gaveta que por sinal é a que fica mais distante do alcance dele);
Quando evitas o pior porque o apoanhas na hora certa com um prato (de vidro) na mão!
Quando apanhas uma tangerina no chão com uma dentada na casca.
Quando encontras as batatas e os alhos (que costumam estar numa cesta) dentro do balde da reciclagem do papel.
(...)to be continued
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